quinta-feira, 14 de junho de 2012

Dias Gomes


Alfredo de Freitas Dias Gomes nasceu em Salvador, Bahia, a19 de outubro de 1922. Aí realizou seus primeiros estudos, passando a residir no Rio de Janeiro a partir de 1935. Cursou várias carreiras, entre as quais Direito e Engenharia, sem concluir nenhuma delas. Escreveu sua primeira peça teatral aos 15 anos, A Comédia dos Moralistas, obtendo com ela o prêmio do Serviço Nacional do Teatro. Mais tarde, aos 19 anos, viu sua primeira obra encenada,    Pé-de-cabra, com sucesso de público e de  crítica,sendo saudado por Viri ato Corrêa, o mais importante crítico da época, como aquele que seria, “mais cedo ou mais tarde, o autor
mais importante do teatro brasileiro”. Nessa sua primeira fase como dramaturgo, Dias Gomes escreveu ainda Amanhã Será Outro Dia; Doutor Ninguém; Zeca Diabo; João Cambão,  quase todas encenadas por Procópio Ferreira. Alguns textos desta fase permanecem inéditos no teatro, como O Pobre Gênio; Eu Acuso o Céu; Sinhazinha; O Homem que não Era Seu e Beco sem Saída,que foram apresentados apenas pelo rádio, anos mais tarde. Em todos eles, Dias revela já a preocupação de questionar a realidade brasileira, ou, como diria Anoto Rosenfeld, “de oferecer uma imagem crítica da realidade brasileira, naquilo que  é
“Caracteristicamente brasileiro e naquilo que é tipicamente humano”.
A partir de 1944, Dias Gomes estendeu suas atividades ao rádio, para o qual foi levado por Oduval do Vianna,  pai, tendo atuado em várias emissoras de São Paulo e do Rio, escrevendo edirigindo programas. Foi diretor artístico da Rádio Bandeirantes de São Paulo, da Rádio Clube do Brasil (Rio) e da Rádio Nacional(Rio). Nessa fase, publicou quatro romances, Amanhã será Outro Dia; Um Amor e Sete Pecados; A Dama da Noite e Quando É Amanhã?
Em 1954, após nove anos de ausência do teatro, fez nova experiência cênica com Os Cinco Fugitivos do Juízo Final, produzida por Jaime Costa, com direção de Bibi Ferreira. Mas foi
em 1960, com O Pagador de Promessas, que retornou definitivamente ao teatro. O estrondoso sucesso nacional e internacional desta peça fez com que seu nome atravessasse as fronteiras do país, sendo hoje Dias Gomes, talvez, o  nosso dramaturgo mais conhecido e mais representado no exterior. Vertido para o cinema, O Pagador de Promessas conquistou a
“Palma de Ouro”, no Festival de Cannes de 1962, além de vários outros prêmios nacionais e internacionais. Seu texto está traduzido para os seguintes idiomas: inglês, francês, russo,
polonês, espanhol, italiano, vietnamita, hebraico, grego e servocroata, tendo sido encenado nos Estados Unidos (seis produções), Polônia (quatro produções), União Soviética, Cuba, Espanha, Itália, Grécia, Israel, Argentina, Uruguai, Equador, Peru, México, Vietnã do Norte (durante a guerra) e Marrocos. Na década de sessenta, Dias Gomes escreveu ainda as
seguintes peças: A Invasão; A Revolução dos Beatos; Odorico, O Bem-Amado; O Berço do Herói (proibida pela censura); O Santo Inquérito; O Túnel; Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória e Vamos Soltar os Demônios. Em 1969, pressionado pela censura, que vetara vários textos seus, e sentindo que dificilmente poderia continuar  sua obra teatral, a menos que se adaptasse às novas limitações  impostas pelo regime vigente, preferiu experimentar um novo meio de expressão, a televisão. Sem trair a sua temática, levou para a TV suas preocupações políticas e sociais, escrevendo uma série de telenovelas que deram ao gênero um alto nível artístico e uma linguagem própria. Verão Vermelho; Assim na Terra Como no Céu; Bandeira 2; O Bem-Amado; O Espigão; Roque Santeiro (proibida pela censura); Sara manda ia e Sinal de Alerta constituem um ciclo que repete na TV a tentativa de pintar um vasto painel de nossa realidade, levando ao espectador a consciência da necessidade de
transformá-la. A partir de 1978, após novo período de afastamento, durante o qual apenas se preocupou com reencenasses de suas peças em todo o mundo, Dias Gomes voltou a escrever para o teatro. As Primícias foi publicada em livro e O Rei de Ramos foi encenada
com enorme sucesso. Segundo Anoto Rosenfeld, autor de um dos mais inteligentes estudos sobre a sua obra, esta “no seu todo, se apresenta repleta de esplêndidas invenções, povoada de uma humanidade exemplar na glória e na miséria. Distinguem-na a imaginação rica, a variedade de caracteres vivos, a extraordinária latitude da escala emocional, indo dos comoventes destinos de Zé do Burro e Branca Dias ao riso amargo de O Berço do Herói e Dr.
Getúlio, e à franca gargalhada de Odorico. Aberta ao  sublime, sensível à grandeza trágica, a obra recorre ao mesmo tempo aos variados enfoques do humor, do sarcasmo e da ironia para lidar com os aspectos frágeis ou menos nobres da espécie humana. (...)Por isso a obra é amorável e respira futuro”.
Ass:Rendley

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