Olá! Hoje vou postar aqui um texto
sobre adolescência, que foi pedido em sala de aula.
“Um
adolescente um pouco sem rumo, estranhando seu próprio comportamento,
paradoxalmente desafiador e arrependido, pára você na rua e fala: “Estou só
passando por uma fase agora. Todo o mundo passa por fases, não é?” Alguém
talvez reconheça sua voz. É Holden, o herói do romance O Apanhador no Campo de
Centeio, de J.D. Salinger.
Aproveitando-se da situação, atrás e ao lado
dele se aglomeram pais e mães de adolescentes. Eles também perguntam: “Então, é
assim? Vai passar? É só uma fase?”
Resposta de bolso, caso Holden e os pais o
parem na rua: “Não. Não é apenas uma fase. Por isso, nada garante que passe”.
Nossos adolescentes amam, estudam, brigam,
trabalham. Batalham com seus corpos, que se esticam e se transformam. Lidam com
as dificuldades de crescer no quadro complicado da família moderna. Como se diz
hoje, eles se procuram e eventualmente se acham. Mas, além disso, eles precisam
lutar com a adolescência, que é uma criatura um pouco monstruosa, sustentada
pela imaginação de todos, adolescentes e pais. Um mito, inventado no começo do
século 20, que vingou sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial.1
A adolescência é o prisma pelo qual os
adultos olham os adolescentes e pelo qual os próprios adolescentes se
contemplam. Ela é uma das formações culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma aos
sonhos de liberdade ou de evasão dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus
pesadelos de violência e desordem.
Objeto de admiração e ojeriza, ela é um
poderoso argumento de marketing e, ao mesmo tempo, uma fonte de desconfiança e
repressão preventiva.
A Holden e aos pais pode-se responder, assim,
que os jovens de hoje chegaram à adolescência numa época que alimenta uma
espécie de culto desse tempo da vida. E caberia, então, tentar explicar como
isso nos afeta a todos.” Contardo Calligaris
Até a próxima
Bianca.
Ótimo texto de Calligaris, parabéns pela escolha Bianca.Bjs
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