

Nos trabalhos realizados depois da Segunda Guerra Mundial, onde a
figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas, Giacometti recupera
a capacidade expressiva da imagem e do objecto, acompanhando a tendência
neo-figurativa que, nestes anos, marca o percurso criativo de vários artistas
plásticos. Esta representação do corpo humano marca o período mais original
de Giacometti. A recorrência dos temas e das soluções plásticas adoptadas
resulta de um posicionamento teórico identificado com a filosofia existencialista,
como o testemunha a amizade entre Giacometti e Jean-Paul Sartre.
O existencialismo na obra de Giacometti traduz-se numa essencialidade e numa
repetição dos meios expressivos e dos gestos formais, que imprimem à figura
humana uma significação fundamental: uma linha vertical confrontando com a
horizontalidade do mundo. A deformação dramática das proporções, o alongamento
das formas e a manipulação da superfície e da textura acentuam a materialidade
dos objectos e a capacidade expressiva e poética da obra de arte. As personagens,
isoladas ou em grupos, exprimem um sentido de individualismo e de descontextualização,
acentuado pela própria escala das esculturas. Destacam-se, entre as inúmeras obras
executadas durante o final da década de 40 e da década seguinte, as esculturas
L'Homme qui marche I (1949) e La Femme au
Chariot (1950).
Rendley Dutra
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